6 de set. de 2010

DESABAFO DAS 21:24 DE UMA SEGUNDA-FEIRA CHUVOSA,

Ela sentou na minha frente e começou a falar. Ela me falou o quanto sentiria saudade das pessoas que a irritavam tanto hoje em dia, que não seria a mesma coisa que antes, não teria as mesmas aulas nem os mesmos amigos. Ela iria ser novamente a novata, em uma sala onde todos eram novatos. Enquanto falava eu fiquei mexendo no computador e fingindo não estar prestando atenção ao que ela falava, porem eu estava. Se ela tivesse notado, certamente nunca iria me falar as coisas que ela me falou.

Durante um segundo tirei os olhos da tela do computador e olhei para o rosto dela, aquele que ela jura ser feio, havia lagrimas escorrendo nos cantos de seus olhos. Eram lagrimas de saudades antecipadas. Ela já estava sentindo saudade da turma que aturou o carisma dela durante três longos anos.

Ela não estava olhando para mim, ela estava olhando para o nosso gato, Damon, que estava aninhado em seu colo esperando que ela lhe fizesse carinho, porem, como ela não lhe fizera ele pulou para o chão e saiu de nosso quarto, porem ela não tirou os olhos de onde o gato estava antes deitado, ela apenas ficou lá, sentada, olhando enquanto as lagrimas estavam caindo de seus olhos cada vez mais cheios.

Ela se lembrou de tudo, dos abraços recebidos, dos xingamentos trocados, das tentativas de beijo no pescoço, dos abraços indesejáveis, das vozes chatas, sorrisos recebidos, telefonemas, elogios concedidos, provas feitas, professores preferidos... tudo. Só esqueceu-se de lembrar que eu, que sou sua irmã, seria uma das únicas que não iriam abandona-lá. Esqueceu dos momentos que passamos juntas na escola, das brigas que tivemos por causa de amigos, das listas de reprodução que eu fiz para ela chorar, das nossas imitações toscas dos irmãos gemios (ATIVAR!), dos elogios que eu fiz a ela sem ela saber, e de como ela descobriu destes, e dos segredos que os meus amigos acabaram contado para ela... eu acho que ela esqueceu de lembrar que eu não a abandonaria. Porem eu não ligo, pois ela ira continuar sendo minha irmã e sempre que ela precisar eu fingirei estar mexendo no computador enquanto ela expõe os seus sentimentos.

Karina, eu creio que ninguém quer que o tempo passe, mas infelizmente isso tem que acontecer, temos que seguir em frente, claro que é impossível seguir sempre em frente sem dar aquela olhadela para traz para ver se tudo continua bem, mas lembre-se, sempre siga em frente. Isso nunca vai mudar, algumas pessoas talvez sumam, outras talvez apareçam, mas tenha certeza que uma estará sempre lá para tentar reconfortá-la nos momentos em que você mais precisa!

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